Crônica Bebês Reboque – A Nova Mão de Obra da Construção Civil

Crônica: Bebês Reboque – A Nova Mão de Obra da Construção Civil

Crônica: Bebês Reboque – A Nova Mão de Obra da Construção Civil

Era uma vez uma parede. Sim, uma parede de tijolos aparente, daquelas que clama por dignidade: um bom reboco, uma massa fina, quem sabe até uma demão de cal. Mas o que ninguém esperava era que o serviço seria feito por… um bebê.

Sim, senhoras e senhores, apresento-lhes o fenômeno do momento: os bebês reboque. Não, não se trata de bonecos de silicone comprados por pais desequilibrados que fingem partos em casa e pedem bolsa-família para o brinquedo. Estamos falando de bebês de verdade. Seres humanos com fraldas, mamadeiras e espátulas na mão.

Essas criaturinhas mal aprenderam a engatinhar e já estão empurrando massa corrida na parede. Há relatos de pequenos pedreiros de um ano e meio rebocando salas inteiras antes da soneca da tarde. E com uma precisão que nenhum servente adulto ousaria imitar. Dizem por aí que um deles, o Bebêzildo, já tem carteira assinada e está regularizado pelo CREAzinho — um conselho regional específico para construtores de até 3 anos.

A exploração, claro, vem disfarçada de “estímulo precoce à responsabilidade laboral”. Os pais, agora chamados de contratantes legais, justificam: “é melhor que ficar no tablet o dia todo”. Outros alegam que “rebocar fortalece o tônus muscular e ensina valores como perseverança e argamassa”.

As cenas são de chorar de rir: o bebê de capacete, chupeta e uma colher de pedreiro maior que o braço, fazendo acabamento na quina da parede com a mesma seriedade de um mestre de obras em fim de prazo. E o pior é que faz direitinho. Talvez porque nunca aprendeu a procrastinar.

As construtoras estão em polvorosa. Já circula no WhatsApp o meme: “Procura-se rebocadores tamanho PP com experiência em fralda e cimento.” Os sindicatos ainda estão tentando entender a categoria. Afinal, é exploração infantil ou uma revolução na produtividade da construção civil?

Mas nem tudo são flores (ou argamassa). Um grupo de pedagogos alertou para o risco de “calcificação precoce do karma infantil”, o que, segundo especialistas esotéricos, pode gerar encarnações futuras como parede de repartição pública — sem chance de reforma por 300 anos.

De todo modo, o bebê reboque chegou para ficar. Já há um reality em negociação com o nome “Pequenos Mestres de Obras”, onde os participantes terão que rebocar, azulejar e instalar rodapés antes de completarem o desfralde.

E no final, o que resta é essa singela pergunta: será que estamos criando uma geração de pequenos operários ou apenas reparando — com massa e humor — a parede rachada da nossa sanidade coletiva?


 

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