O ESCRITOR PERDEU O CARTÃO DO BANCO – COMO ELE ESCREVE?

— Escritor, fala “Perdi o cartão do banco.”

O sol já estava se pondo, lançando aquele brilho alaranjado que tingia as ruas da cidade de um tom melancólico. O dia fora longo, repleto de compromissos que pareciam nunca ter fim. Finalmente, ao dobrar a esquina, avistei o caixa eletrônico — o último refúgio de quem esquece o dinheiro em casa.

Revirei os bolsos, os compartimentos da mochila, até aquele bolso secreto no casaco que raramente uso. Mas nada… O cartão estava, em algum lugar, distante de mim, como um personagem que se esconde na trama.

Por um instante, fiquei parado ali, à beira da calçada, contemplando a ironia do momento. Um cartão perdido, uma necessidade urgente, e a certeza de que a vida às vezes nos obriga a improvisar o próximo capítulo. Soltei um suspiro, resignado, enquanto a noite começava a cair ao meu redor, envolvendo-me em seu mistério.

— Perdi o cartão do banco… — murmurei, para mim mesmo, mas com a solenidade de quem acabara de confessar o ponto de virada de uma história. E ali, entre o frio da noite e a ausência do meu cartão, encontrei apenas mais um parágrafo da narrativa desordenada que chamo de vida.

 

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